sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009


DIA DE DARWIN 2009 - NO MUSEU DE ZOOLOGIA DA USP

PROGRAMAÇÃO

FILMES

De terça à sexta, 10 a 13 de fevereiro, às 14:30 e 15:30
Projeção dos filmes da série Evolução, a incrível jornada da vida, Scientific America Brasil

10/02 - Grandes Mutações (1 hora): Acompanhe a história da vida desde a mudança dos oceanos para a terra firme, seguida de alguns retornos para o mar.
Extinção! (1 hora): Já são cinco as extinções em massa ocorridas na Terra e elas exercem enorme influência na evolução das espécies. Os humanos estariam provocando a próxima extinção?

11/02 - A corrida das espécies (1 hora): Competição ou cooperação? A interação entre espécies é a mais poderosa força da evolução e compreender isso pode ser fundamental para a sobrevivência humana.
O porquê do sexo (1 hora): Compreenda o papel desempenhado pelo sexo para se dar conta do jogo das estratégias da vida, neste caso moldando variedade e diversidade genéticas.

12/02 - A perigosa idéia de Darwin (2 horas): Como Darwin formulou os conceitos da Teoria da Evolução e por que essa "perigosa idéia" é indispensável para o desvendamento da vida.

13/02 - O big-bang da mente (1 hora): Há 50 mil anos algo aconteceu. Isso fez emergir o ser humano moderno e com ele chegou uma explosão de criatividade, tecnologia - uma revolução social.
Ciência e Religião (1 hora): Nenhuma outra teoria científica provocou - a ainda provoca - reação maior que o darwinismo.

PALESTRAS

sábado 14/02
10:30h - palestra - Maria Isabel Landim (MZUSP)
Duzentos anos de Charles Darwin: de onde viemos e aonde queremos chegar

14:00 - palestra - Nelio Bizzo (FEUSP)
Duas críticas que mudaram o livro de Darwin

15:30 - palestra - Diogo Meyer (IBUSP)
Revisitando grandes temas darwinianos

domingo 15/02

APRESENTAÇÃO
10:30h - Uma expedição do MZUSP nas Ilhas Galápagos coordenação - Hussam Zaher
filme, fotos e bate-papo

MESA-REDONDA
14:00h - A contemporaneidade da Teoria Evolutiva

Participantes:
- Dr. Mário César Cardoso de Pinna, zoólogo, Vice-Diretor do Museu de Zoologia da USP.

- Dr. Cesar Ades, psicólogo evolucionista, Diretor do Instituto de Estudos Avançados da USP.

- Dr. Marcos Fenandes Gonçalves da Silva, Coordenador do Centro de Estudos dos Processos de Decisão da FGV/EESP.

- Dr. Ricardo Ribeiro Gudwin, Unicamp, engenheiro elétrico, Faculdade de Engenharia Elétrica e de Computação, Departamento de Engenharia da Computação e Automação Industrial.

Local: auditório do Museu de Zoologia da USP.
av. Nazaré, 481. Ipiranga. Tel 20 65-8100. http://www.mz.usp.br/

ATIVIDADES PARA CRIANÇAS

sábado e domingo 14/02 e 15/02
atividades no espaço expositivo promovidas pelo Serviço Educativo do MZUSP das 10:00h às 17:00h (intervalo das12:00h e 14:00h)
Oficina de desenho
Oficina de toque (manipulação de animais originais preservados e réplicas).
Jogos sobre biodiversidade

domingo 15/02
Oficina de Origami - Animais dos Sonhos de Darwin - com Diogo Melo e Vinícius M. Monção
Através da prática do origami a oficina promove um bate papo sobre a vida e as idéias de Darwin, enquanto são feitas dobraduras de diversos animais que estiveram presentes na vida e nos sonhos deste famoso naturalista. São trabalhadas as formas de animais extintos como Dinossauros (saurópodes), Mamíferos (megafauna pleistocêncica) e Invertebrados (trilobitas), além de tartarugas, pássaros, besouros e borboletas.

pré-lançamento do livro:
Charles Darwin em um futuro não tão distante.
Maria Isabel Landim & Cristiano Moreira (Orgs.)

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009



Experiência faz gafanhoto inofensivo virar uma praga

Enxame de gafanhotos Schistocerca gregaria, praga capaz de causar graves perdas na agricultura na Ásia, África e AustráliaFoto: Tom Fayle

De médico e de monstro todo gafanhoto tem um pouco. Esse poderia ser o título de um estudo que acaba de revelar como uma espécie inofensiva e reclusa deste inseto pode se transformar numa praga devastadora. Biólogos revelaram que a serotonina --a mesma substância cuja falta no cérebro humano pode levar à depressão-- faz os gafanhotos mudarem de visual e comportamento.
O gafanhoto-do-deserto (Schistocerca gregaria) é uma praga capaz de causar graves perdas na agricultura na Ásia, África e Austrália. Mais conhecido como uma das pragas bíblicas lançadas contra o Egito, seus enxames podem ter bilhões de insetos. E 20% do mundo é vulnerável à praga, segundo Stephen Rogers, biólogo da Universidade de Cambridge e um dos autores do estudo, publicado na revista científica "Science".
Normalmente, o gafanhoto vive isolado. Mas, quando chove e a vegetação cresce, ele se reproduz e aumenta a sua densidade. Ele passa a se tornar gregário.
Pesquisas anteriores tinham mostrado que estímulos físicos causam a mudança --cheiro, visão e toque de outros gafanhotos. Em dado momento, o comportamento gregário agrupa um enxame migratório em busca de comida.
O novo estudo demonstrou que os insetos operando no "modo gregário" tinham cerca de três vezes mais serotonina no sistema nervoso do que aqueles em "modo solitário".
"A serotonina é encontrada em todo o reino animal, no qual um dos seus papéis é alterar o modo com que as células nervosas se comunicam", disse Rogers. "Muitas vezes, ela atua no contexto de alterar o modo como os animais respondem a estímulos vindos de outros animais." Em várias espécies, ela regula a agressividade. Em humanos, a sensação de bem-estar ou depressão. "Nos gafanhotos, foi cooptada para produzir a mudança de comportamento que precede a formação do enxame", diz Rogers.
Poção mágica
O neurotransmissor tem no gafanhoto um efeito como o da famosa poção tomada pelo bondoso médico Henry Jekyll, transformando-o no maligno Sr. Edward Hyde, do clássico romance do escocês Robert Louis Stevenson (1850-1894).
Assim como no livro "O Estranho Caso do Dr. Jekyll e do Sr. Hyde", se suspeitava que os dois fossem pessoas diferentes. Só em 1921 que foi provado que o gafanhoto verde-solitário e o amarelo-gregário eram a mesma espécie. A serotonina faz o bicho pacato enveredar pela formação de quadrilha.
Andar em bando tem suas vantagens. "Um enxame acontece quando os gafanhotos têm que se mover para fora de uma área que não mais é capaz de suportá-los e achar comida em outra parte. Sendo móveis eles são mais conspícuos, mas os números dão segurança", diz Rogers. "Se você está sozinho e um predador o detecta, você é o alvo. Se você faz parte de um grupo, você é apenas um alvo possível entre muitos".
Em "modo enxame", o gafanhoto pode comer o equivalente ao seu peso em um dia. O enxame pode voar 100 km entre cinco e oito horas, devastando o que encontra pelo caminho.
O biólogo alemão Paul Stevenson, que comenta a descoberta em outro artigo, diz que o estudo de Rogers ajudará a criar um método de controle da praga, mas não será fácil. Para impedir a formação de enxames, drogas antisserotonina teriam de ser aplicadas em grandes extensões de habitat do gafanhoto solitário e conseguir penetrar o corpo do inseto.

Fonte: Folha de S. Paulo - 30/01/2009

Bactéria social

Por Thiago Romero


Agência FAPESP – Pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) comprovaram que a maior prevalência da infecção pelo Helicobacter pylori, espécie de bactéria que infecta o revestimento mucoso do estômago humano, está relacionada à condição socioeconômica da população, ocorrendo com mais frequência nos primeiros meses de vida em crianças de baixa renda.
O trabalho, realizado no Laboratório de Bacteriologia do Gastrocentro da universidade, com coordenação do professor José Murilo Robilotta Zeitune, do Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Ciências Médicas, teve como finalidade verificar a prevalência da infecção pela bactéria em crianças de até 6 anos de idade pertencentes a famílias de alta, média e baixa renda.
Segundo Zeitune, a infecção pelo Helicobacter pylori afeta cerca de 50% da população mundial, com maior prevalência nos países em desenvolvimento. “Estudos epidemiológicos sugerem que a transmissão da bactéria ocorre provavelmente pelas vias fecal e oral, estando diretamente relacionada com as condições socioeconômicas da população”, disse à Agência FAPESP.
“Apesar de a renda familiar estar diretamente associada à prevalência da bactéria, outros fatores, como condições de higiene e de saneamento básico, também estão relacionados à aquisição da infecção”, apontou.
No novo estudo a prevalência da infecção foi analisada em 218 crianças, sendo 92 pertencentes a famílias de baixa renda residentes em Teresina (PI). As crianças restantes foram selecionadas em Campinas, no interior paulista: 64 delas frequentavam a creche pública da Unicamp (média renda) e 62 estudavam em uma escola particular (alta renda).
A presença da bactéria foi verificada em amostras de fezes a partir da identificação do antígeno fecal do H. pylori (HpSA). Os resultados demonstram que a prevalência da infecção em crianças provenientes de famílias de baixa renda foi de 47,8%. Nas crianças de média renda essa prevalência foi de 13,5%, e naquelas de alta renda, 3,2%.
“Com relação à aquisição da infecção, os dados revelam que 16,7% das crianças de famílias de baixa renda foram infectadas desde os primeiros meses de vida, 20% das de renda média foram infectadas a partir do primeiro ano de vida, enquanto 18,1% das crianças de alta renda foram infectadas apenas a partir do terceiro ano de vida”, disse Zeitune.
“Desse modo, os dados sugerem que a maior prevalência da infecção ocorre em crianças com baixo nível socioeconômico, sendo que a aquisição da bactéria ocorre precocemente nessas crianças”, explica.
O H. pylori vem sendo estudado no Gastrocentro da Unicamp há vários anos por ser uma bactéria que causa gastrite, úlcera e até câncer gástrico. No Gastrocentro são realizados não apenas protocolos de pesquisa sobre a bactéria como também o seu diagnóstico na população atendida no Hospital das Clínicas da Unicamp.
“Temos vários projetos de pesquisa em andamento relacionados à bactéria, inclusive com estudos de epidemiologia molecular utilizando técnicas de genotipagem e sequenciamento do genoma do H. pylori”, disse o professor. Método não-invasivo
Para os autores do novo estudo, uma das maiores contribuições do trabalho está na utilização de um método não-invasivo (HpSA) para o diagnóstico da infecção pelo H. pylori na população pediátrica, o que pode ser considerado, por si só, um grande avanço no diagnóstico da infecção pelo fato de apresentar resultados semelhantes aos obtidos pelos métodos tradicionais.
“O diagnóstico precoce realizado de forma prática e rápida pode levar ao desenvolvimento de terapias e programas de prevenção à infecção”, disse Zeitune. O método imunoenzimático não-invasivo utilizado para a pesquisa do antígeno fecal do H. pylori foi padronizado pelos pesquisadores do Laboratório de Bacteriologia do Gastrocentro há cerca de oito anos.
A utilização da pesquisa do antígeno fecal do H. pylori foi inicialmente descrita por pesquisadores italianos. Trata-se de um método não-invasivo que utiliza amostras de fezes para detecção da bactéria. Os métodos tradicionalmente utilizados no diagnóstico do H. pylori são a histologia e o teste da enzima urease.
“Esses dois métodos são invasivos e necessitam da coleta de fragmentos de mucosa gástrica por biópsia durante o exame endoscópico dos pacientes. Por outro lado, o emprego do antígeno fecal na detecção da infecção é de grande valia, sobretudo na população pediátrica, pois além de não-invasivo é um teste rápido e de fácil execução”, explicou.
O professor salienta ainda que outro estudo realizado pelo Gastrocentro, que também comparou crianças de mesma condição socioeconômica moradoras em Campinas e Teresina, demonstrou que os índices de prevalência da bactéria são diferentes, reforçando a influência das condições locais de saneamento básico na transmissão.
“Sendo assim, é importante que os municípios implantem uma política sanitária de qualidade e acessível a toda a população, além de realizar campanhas sobre a conscientização dos hábitos de higiene e apresentar programas de diagnóstico precoce da bactéria, o que poderá reduzir os custos do seu tratamento. Conhecendo melhor as faixas etárias com maior prevalência da infecção, é provável que se possa, no futuro, desenvolver programas de prevenção primária contra a bactéria”, apontou.
Calcula-se que cerca de 60% dos cânceres do estômago estejam relacionados ao desenvolvimento do H. pylori em pessoas infectadas na infância. O estudo feito na Unicamp foi premiado pela Federação Brasileira de Gastroenterologia durante a 8ª edição da Semana Brasileira do Aparelho Digestivo, realizada em outubro de 2008, em Brasília.
Menor serpente do mundo

Agência FAPESP – A menor espécie de serpente do mundo foi descoberta no Caribe. É tão pequena que exemplares adultos têm menos de 10 centímetros de comprimento. Fina como um fio de espaguete, ao se enrolar cabe, com folga, sobre uma moeda. A descoberta foi feita por pesquisadores liderados por Blair Hedges, da Universidade Penn State, nos Estados Unidos. O grupo é responsável pela descrição das menores espécies de sapos e de lagartos. A descrição da espécie Leptotyphlops carlae foi publicada nesta segunda-feira (4/8) no periódico Zootaxa. A minúscula serpente, menor entre as mais de 3,1 mil espécies conhecidas, foi encontrada em um pequeno fragmento de floresta na parte leste da ilha de Barbados. Segundo os pesquisadores, trata-se de uma espécie rara, porque a maior parte de seu hábitat potencial foi substituído por edificações ou plantações. “A destruição de hábitats é uma grande ameaça à biodiversidade em todo o mundo, mas o Caribe é particularmente vulnerável, por conter uma porcentagem incomum de espécies ameaçadas e porque esses animais vivem em ilhas, ou seja, não têm para onde ir quando ameaçados”, disse Hedges. Os pesquisadores consideraram se tratar de uma espécie nova com base nas diferenças genéticas de outras espécies de serpentes e por conta de sua coloração única. Segundo eles, alguns espécimes que se encontram em museus foram identificados incorretamente e pertencem à espécie agora descrita. Segundo Hedges, tanto as menores como as maiores espécies de diversos animais são encontradas em ilhas, onde evoluem de modo a preencher nichos ecológicos em hábitats não ocupados por outros organismos. Esses espaços vagos existem porque outros tipos de organismos não chegam até as ilhas. Por exemplo, se uma espécie de centopéia não está presente, uma serpente pode evoluir em uma espécie muito menor de modo a ocupar o nicho ecológico.

O artigo de Blair Hedges e outros pode ser lido por assinantes da Zootaxa em (Site)

Fonte: http://www.agencia.fapesp.br/materia/9222/divulgacao-cientifica/menor-serpente-do-mundo.htm
Autor(a): Agência FAPESP