A doença provocada pelo "Aedes aegypti" está presente em 150 países e afeta de 50 a 100 milhões anualmente
Em Genebra
Atualizado em: 16/01/2013 - 14h18
"Manter o impulso para superar o impacto global das Doenças Tropicais Desatendidas" é o título do segundo relatório que a OMS realiza para determinar o status dessas doenças no mundo.
O relatório analisa o impacto que as ETD têm no mundo e sugere políticas públicas que poderiam ser aplicadas para reduzir ou inclusive erradicar sua incidência.
Das 17 doenças incluídas pela OMS no grupo ETD, a dengue é a única que representa uma "ameaça global", segundo especialistas.
Em 2012, a dengue foi a doença viral ligada a um mosquito que se expandiu mais rápido no mundo; em 2010, foi detectada pela primeira vez na Europa.
No último meio século, a incidência da doença se multiplicou por 30, e sua expansão faz os cientistas acreditarem que a dengue tem as condições para se transformar em uma verdadeira pandemia mundial.
"A doença está em 150 países e não há uma região no mundo onde não esteja presente; se não for controlada corretamente, pode se transformar em uma verdadeira pandemia", afirmou em entrevista coletiva o especialista da OMS Raman Velaywdhan.
Os centros de pesquisa especializados dizem que o número de pessoas com risco de contrair a dengue envolve de 2 a 3,6 milhões e os infectados podem chegar a 500 milhões, enquanto a globalização acelera ainda mais a incidência do mal.
"O aumento de pessoas e mercadorias que viajam pelo mundo, e a mudança climática que aumentou as temperaturas e as inundações contribuíram para esta silenciosa expansão da doença", afirmou Velaywdhan.
"Por exemplo, no continente europeu, as larvas e mosquitos chegaram através da importação de pneus usados e de plantas de bambu, é por isso que o controle do vetor é essencial", acrescentou o especialista.
O vetor transmissor da dengue é a fêmea do mosquito Aedes aegypti, que necessita da proteína do sangue para poder fazer com que suas larvas cresçam.
O mosquito é urbano e aparece de dia, fator que o torna mais perigoso do que o causador da malária, que aparece de noite.
Na falta de vacina, a única arma efetiva contra este mal é prevenir o contágio, algo que só é possível com educação, fumacês e combate a larvas em cantos e pequenos recipientes onde possa haver água parada: lugares escolhidos pelos mosquitos fêmeas.
Perante esta situação, a OMS recomenda uma estratégia multidisciplinar e complementar que abrange cinco áreas de trabalho: diagnósticos e controle de casos; vigilância integrada e resposta aos focos; controle sustentado do vetor; implementação futura das vacinas; e implementação das pesquisas.
Se isso fosse aplicado em todos os países, a agência sanitária das Nações Unidas considera que, em 2020, a incidência de dengue poderia ser reduzida em 25% e a mortalidade, em 50%.
Uma estratégia multidisciplinar que a América Latina está tentando adotar - segundo a própria OMS a região está imersa em uma "situação hiperendêmica", com quase todos os países afetados.
A última grande epidemia de dengue na América Latina ocorreu em 2010. Segundo a Organização Pan-americana da Saúde (OPS), 1,8 milhão de pessoas contraíram a doença e 1.167 morreram.
Segundo os especialistas da região, o aumento da urbanização, os incessantes movimentos migratórios, o deficiente sistema de distribuição de água e a capacidade do vírus de se adaptar para sobreviver colaboram para o crescimento exponencial da doença na América Latina.
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