terça-feira, 27 de novembro de 2018

“Trovão Gigante”: USP participa de descrição de megadinossauro da África do Sul


Trabalho que descreveu gigante triássico teve participação do Laboratório de Paleontologia da USP em Ribeirão Preto



Uma nova espécie gigante de dinossauro, o Ledumahadi mafube, foi descrita por 
uma equipe de pesquisadores liderados pelo professor e paleontólogo da 
Universidade de Witwatersrand, África do Sul, Jonah Choiniere. Na equipe está 
o pós-doutorando do Laboratório de Paleontologia da Faculdade de Filosofia, 
Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP) da USP, Blair McPhee, primeiro autor do 
estudo que foi publicado em setembro na revista Current Biology.
A equipe de pesquisa também inclui os paleocientistas da África do Sul Emese Bordy, 
da Universidade da Cidade do Cabo, e Jennifer Botha-Brink, do Museu Nacional da 
África do Sul em Bloemfontein, além do professor Roger BJ Benson, da Universidade de 
Oxford.

“Trovão Gigante”

O gigante triássico da África ganhou o nome em uma das 11 línguas oficiais da África do 
Sul e uma língua indígena na área onde o dinossauro foi encontrado, o Sesotho, que 
significa “um trovão gigante ao amanhecer”. “O nome reflete o grande tamanho do animal, 
bem como o fato de que sua linhagem apareceu nas origens dos dinossauros saurópodes. 
Ele homenageia a herança recente e antiga da África Austral”, diz Choiniere.
O Ledumahadi mafube foi encontrado na Província do Estado Livre da África do Sul. 
O herbívoro pesava 12 toneladas e tinha cerca de quatro metros de altura nos quadris. 
Era o maior animal terrestre vivo na Terra quando vivia, há quase 200 milhões de anos, 
com o dobro do tamanho de um grande elefante africano. É um dos parentes mais 
próximos dos dinossauros saurópodes. “O fóssil deLedumahadi conta uma história 
fascinante não apenas de sua história de vida individual, mas também da história 
geográfica de onde viveu e da história evolutiva dos dinossauros saurópodes”, 
dizem os pesquisadores.
Os saurópodes, com peso de até 60 toneladas, incluem espécies conhecidas como o 
Brosurossauro. Todos os saurópodes comeram plantas e ficaram sobre quatro patas, 
com uma postura como os elefantes modernos. O Ledumahadi desenvolveu seu tamanho 
gigante independentemente dos saurópodes e, embora estivesse em quatro patas, seus 
membros anteriores teriam ficado mais agachados. Isso levou a equipe científica a 
considerar o Ledumahadi como um “experimento” evolutivo com tamanho corporal 
gigante.
O fóssil de Ledumahadi conta uma história não apenas de sua vida individual, mas 
também sobre a história geográfica de onde viveu e a história evolutiva dos dinossauros 
saurópodes
A primeira coisa que surpreendeu MacPhee, sobre este animal, é a incrível robustez dos 
ossos dos membros. Eram de tamanho semelhante aos gigantescos dinossauros 
saurópodes, mas enquanto os braços e as pernas desses animais são tipicamente bem 
finos, os do Ledumahadi são “incrivelmente grossos”. “Para mim, isso indicava que o 
caminho para o gigantismo dos sauropodomorfos estava longe de ser direto, e que o 
modo como esses animais resolviam os problemas habituais da vida, como comer e se 
mexer, era muito mais dinâmico dentro do grupo do que se pensava anteriormente.”

Novo método

Para mostrar que o Ledumahadi andava de quatro, como os dinossauros saurópodes 
posteriores, a equipe de pesquisa desenvolveu um novo método, usando medidas dos 
“braços” e “pernas”. A equipe também mostrou que muitos parentes anteriores de 
saurópodes ficaram de quatro, que essa postura corporal evoluiu mais de uma vez, e que 
apareceu mais cedo do que os cientistas pensavam anteriormente.
“Muitos dinossauros gigantescos andavam sobre quatro patas, mas tinham ancestrais que 
andavam sobre duas pernas. Os cientistas querem saber sobre essa mudança evolutiva, 
mas, surpreendentemente, ninguém criou um método simples para dizer como cada 
dinossauro caminhava até agora”, diz Roger Benson.
Ao analisar o tecido ósseo do fóssil através da análise osteo-histológica, Jennifer 
Botha-Brink estabeleceu a idade do animal. “Podemos ver, olhando para a microestrutura 
óssea fossilizada, que o animal cresceu rapidamente para a idade adulta. Anéis de 
crescimento, depositados anualmente e de espaçamento curto na periferia, mostram 
que a taxa de crescimento foi diminuindo substancialmente até que ele morreu, isso indica
 que o animal havia atingido a idade adulta”, diz Jennifer.
A pesquisadora diz ainda que “também foi interessante ver que os tecidos ósseos exibem 
aspectos tanto dos sauropodomorfos basais quanto dos saurópodes mais derivados, 
mostrando que o Ledumahadi representa um estágio de transição entre esses dois 
grandes grupos de dinossauros.”
Ledumahadi está intimamente relacionado com outros dinossauros gigantescos da 
Argentina que viveram em um tempo similar, o que reforça que o supercontinente de 
Pangeia ainda estava montado no Jurássico Antigo. “Isso mostra com que facilidade os 
dinossauros poderiam ter caminhado de Johannesburgo para Buenos Aires naquela 
época”, diz Choiniere. “Os dinossauros não observaram as fronteiras internacionais e é 
importante que nossos grupos de pesquisa também não”, concluiu, se referindo ao grupo 
de pesquisadores de diversas partes que colaboraram com os estudos.
Neste link você pode acessar vídeo produzido pela Universidade de Witwatersrand (Wits)
que ilustra o Ledumahadi mafube. 
(Com informações dos pesquisadores)

Fonte: https://jornal.usp.br/ciencias/trovao-gigante-usp-participa-de-descricao-de-
mega-dinossauro-da-africa-do-sul/